Escrita de mulheres negras, por Djamila Ribeiro
Gostaria de indicar à rede de educadores e educadoras a escrita de mulheres negras em geral, como uma forma de aprender muito e expandir a consciência. Em particular, gostaria aqui de indicar “Tornar-se Negro”, de Neusa Santos Souza. Trata-se de uma obra que esteve por muito tempo apenas disponibilizada em pdfs precários na internet, mas recentemente foi publicada em uma linda edição pela Editora Companhia das Letras, com textos inéditos da autora, além de prefácios de Maria Lúcia da Silva e Jurandir Freire Costa. O prefácio de Jurandir Costa é o mesmo da edição original da obra, publicada em 1983. A leitura desse livro traz uma série de efeitos positivos, uma vez que é uma grande companheira no processo à conscientização, pela pessoa negra, de sua condição no mundo, como também oferece mecanismos para professores, professoras, estudantes – negros e não negros – para a compreensão dos efeitos do racismo na psiquê de pessoas negras. Uma obra impactante para trabalhar em sala de aula, seja no Ensino Fundamental, Médio, graduação ou pós-graduação. Com “Tornar-se Negro”, a saudosa Neusa Santos Souza deixou uma contribuição inestimável para a Educação brasileira e para a Psicologia. Recomendo muito!
Sobre Djamila Ribeiro
Filósofa, escritora, acadêmica e feminista negra. É pesquisadora e mestre em Filosofia Política (Unifesp), colunista do jornal Folha de S. Paulo e professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Seu campo de pesquisa é voltada à Filosofia Política, com ênfase em Teoria Feminista, Relações Raciais e de Gênero e Feminismo. Tal engajamento, fez dela uma das principais vozes brasileiras no combate ao racismo e ao feminicídio no país. Está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo de 40 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Credito da imagem: Flávio Teperman