“Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, uma obra sobre a seca, a miséria e a fome no Nordeste do Brasil
Uma das características dos encontros do Clube de Leitura “Gato Preto” é oferecer uma preciosa oportunidade de revisitar, enquanto adultos, obras literárias que foram lidas em nosso período de estudantes. Nessa experiência, é perceptível para muitos leitores o quanto não éramos suficientemente maduros para poder mergulhar na beleza e profundidade dessas obras. Um exemplo típico é “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos.
Um ponto importante para reflexão talvez seja reavaliar a forma com que essas obras muitas vezes chegam nas mãos dos estudantes: a obrigação da leitura pode causar um distanciamento da realidade retratada no texto. Por outro lado, a escola precisa garantir uma sólida formação leitora para seus alunos. Por isso, a experiência de um Clube de Leitura pode ser preciosa para que se vivencie uma outra relação com os livros: uma que instigue a curiosidade e envolva o leitor por meio do interesse genuíno.
A obra
Um dos livros mais importantes da literatura brasileira, “Vidas Secas” traz o tema da seca, da miséria e da fome na região Nordeste do Brasil. Conta a história da vida nômade da família de Fabiano, Sinha Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia, em busca de condições mínimas de sobrevivência.
A miséria chega a tal ponto que seres humanos e animais já não apresentam mais diferenças significativas de comportamento.
O autor
Graciliano Ramos de Oliveira (27/10/1892, Alagoas – 20/03/1953 – Rio de Janeiro) foi um escritor e jornalista pertencente à escola Modernista da literatura brasileira. Seus livros foram traduzidos para muitos países. “Vidas Secas”, “São Bernardo” e “Memórias do Cárcere” tiveram importantes adaptações para o cinema. Recebeu o Prêmio da Fundação William Faulkner, dos Estados Unidos, por “Vidas Secas”.
Comentários do encontro
Quando lemos uma obra e a comentamos com quem também já leu, como acontece em um Clube de Leitura, nossa visão sobre ela, mas também sobre o mundo, se expande. No encontro no qual o Clube de Leitura “Gato Preto” discutiu “Vidas Secas”, a conversa girou, em boa parte do tempo, em torno de o quanto a aridez que permeia a obra promove a miséria não apenas no plano físico, mas também na vida emocional das personagens, no relacionamento humano, na comunicação e em suas visões de mundo. A fome e a extrema pobreza causam escassez em todas as esferas de existência dessa família de retirantes. A professora Evelyn, da Diretoria de Ensino de Taquaritinga, comentou, a partir do exemplo do personagem Fabiano (que desconhece palavras e não vê valor nenhum na educação), sobre a condição humana que infelizmente se observa em muitos lugares no Brasil: por conta da miséria e da fome, ainda há pessoas que não puderam conhecer o valor da leitura e do quanto essa experiência alimenta de sentido as nossas vidas.
Confira a gravação do último encontro do Clube de Leitura “Gato Preto” e saiba mais detalhes sobre a obra que foi lida.