Neste início de milênio, o mundo tem se tornado cada vez mais violento. Grandes guerras e dezenas de conflitos armados seguem em curso – em número muito maior do que aquilo que chega até nós por meio da mídia.
Nós, da equipe do Clube de Leitura Gato Preto, ao longo de oito anos de programação ininterrupta, seguimos acreditando que a Literatura pode ser, entre tantas possibilidades, uma ação em favor da paz.
Em um momento marcado por turbulências e confrontos, escolhemos para este mês a graphic novel Maus, do autor norte-americano Art Spiegelman – uma obra já debatida em nosso clube e que segue extremamente atual.
Spiegelman narra, em forma de história em quadrinhos, a trágica trajetória de seu pai durante a Segunda Guerra Mundial, passando por um campo de extermínio nazista. Primeira graphic novel a receber o Prêmio Pulitzer, Maus representa os alemães como gatos, os judeus como ratos, e os poloneses como porcos – talvez como forma de criar uma certa distância estética diante do horror real dos acontecimentos retratados.
Manter Maus em perspectiva é fundamental para podermos continuar refletindo e, quem sabe, impedir que tragédias como essa se repitam no presente e no futuro.
O Gato também lembra um grande artista brasileiro que, aos 83 anos, carrega em sua trajetória perdas dolorosas, como a de filhos seus: Gilberto Gil. Em uma de suas canções, ele nos faz pensar sobre as contradições da humanidade e a possibilidade de renascimento:
“Uma bomba sobre o Japão / fez nascer o Japão da paz.”
Que a arte – em suas múltiplas formas – continue sendo um caminho possível para a paz.