Essa obra-prima de Marcelo Rubens Paiva, publicada em 2015, narra com autenticidade e emoção suas memórias familiares e a dura história política da ditadura militar.
No livro, o autor presta uma homenagem à sua mãe, Eunice Paiva, que enfrentou o desaparecimento do marido em 1971 e, com isso, os desafios da formação dos filhos, em meio às ameaças, à vigilância e ao silêncio imposto pelo regime.
Marcelo conta que a ausência do pai, Rubens Paiva, marcada pela falta de respostas e pela dor de um luto não concretizado, deixou marcas de irreparáveis, como uma ferida que jamais cicatrizou.
Além de um relato de memórias, o livro pode ser considerado um documento histórico por denunciar a repressão vivenciada por todas as famílias que sofreram com a ditadura e que ainda lutam pelo não apagamento de fatos tão graves e dolorosos.
Eunice foi o marco dessa luta – a resistência ao esquecimento. Mas a vida… a vida sempre prega peças! A resistência ao esquecimento, tão defendida por Eunice, sofre o golpe do mal de Alzheimer: anos após a perda de Rubens Paiva, Eunice é diagnosticada com a doença que, implacável e cruel, apaga suas lembranças.
Marcelo narra que foi muito doloroso ver a mulher mais forte e determinada que conheceu, que sempre lutou pela memória e pela verdade, ser vencida pelo esquecimento. A vida lhe apresenta outro cenário: o filho, antes cuidado pela mãe, agora precisa cuidar dela.
É muita emoção e muita história política, social e de vidas! Sem dúvida, vale a pena ler e… recontar!