O Clube de Leitura “Gato Preto” tem um encontro marcado com Machado de Assis no dia 27/08. A obra escolhida pelos clubistas foi: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Trata-se do segundo livro da lista de produções machadianas, que entrou na programação devido à relevância do autor para a história do Brasil. Machado de Assis é considerado por muitos especialistas o melhor escritor da literatura brasileira.
O livro traz as memórias de Brás Cubas, um homem rico e solteiro que, depois de morto, resolve se dedicar à tarefa de narrar a sua própria vida. Dessa perspectiva, emite opiniões sem se preocupar com o julgamento que os vivos podem fazer dele.
Sobre o autor
Joaquim Maria Machado de Assis, ou só Machado de Assis, nasceu e morreu no Rio de Janeiro (21/06/1839 – 29/09/1908). Foi jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. Além disso, fundou a cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras.
Em julho do ano passado, “O Alienista”, outra obra de destaque do autor, foi o tema do encontro, que despertou acaloradas discussões. Neste mês de agosto, o Clube não deve ser diferente!
Junte-se ao Clube!
Quem quiser participar para trocar ideias sobre o livro, o encontro será no dia 27/08, em dois horários: das 10h às 11h30 e das 14h30 às 16h, via Microsoft Teams.
Para participar basta “clicar aqui” e realizar a sua inscrição.
Quer um spoiler sobre as próximas leituras? Em setembro vamos ter “Terra Sonâmbula”, de Mia Couto, e em outubro, “Na Minha Pele”, de Lázaro Ramos.
Uma seleção de livros voltados para uma Educação Antirracista!
Recordar é viver:
“Torto Arado”, do baiano Itamar Vieira Junior, foi o livro do Clube de Leitura “Gato Preto” de julho. As discussões sobre a obra renderam comentários apaixonantes, sinalizando que talvez ela se transforme em um clássico da literatura brasileira, como arriscam muitos críticos. Confira abaixo alguns deles:
“Participar do Clube de Leitura “Gato Preto” pela primeira vez foi uma experiência ímpar. A obra “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, foi o livro discutido. Do ponto de vista estilístico, o primoroso texto é devedor de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, com pitadas de Érico Veríssimo. Mas Itamar tem voz própria e traz para a cena a questão das práticas religiosas dos negros, tema poucas vezes em destaque na literatura brasileira. No entanto, o ponto alto do romance é a pluralidade de sua temática: o autor faz um recorte de classe, ao tratar da questão fundiária no interior do Nordeste brasileiro; traz um recorte de gênero ao falar sobre violência doméstica; e faz ainda um recorte de raça ao realçar a questão dos quilombolas. O livro merece ser lido e apreciado sob diversas nuances, como por exemplo, a questão do tempo e a voz narrativa do último capítulo. Certamente Itamar entrará para o cânone da literatura nacional e quiçá latino-americana, pois sentimos de perto a influência do realismo mágico bastante explorado por escritores como Gabriel García Márquez.”
Andréa Moraes
Jornalista
“A leitura do livro “Torto Arado” foi para mim uma experiência riquíssima, uma narrativa emocionante, com personagens fortes e marcantes, seja por representar as mazelas e desmandos vivenciados no contexto da narrativa, pelas protagonistas da história, seja para enaltecer as virtudes e os valores descritos em evidência entre uma fala e outra.
É certo que cada personagem da história tem sua importância. É muito bonito observar o quanto a ligação entre eles torna-se forte e marcante, predominando os valores enraizados que todos traziam em seus corações, e como eles, ao final da narrativa, resignaram-se para lutar, para defender aquelas terras. Na parte 1, capítulo 14, há um trecho que evidencia essa força demonstrada pela Belonísia e Bibiana durante e no final da história …Era filha de gente forte que atravessou um oceano, que foi separada de sua terra, que deixou para trás sonhos e forjou no desterro uma vida nova e iluminada…”
Ozana Maria da Silva Cruz
EE Vereador Orlando Vitaliano
Diretoria de Ensino Ribeirão Preto
“Tive minha primeira experiência no Clube de Leitura “Gato Preto” com a obra de Itamar Vieira, “Torto Arado”, que para mim se apresentou para além de compartilhamento, soou como identificação e representatividade.
Discutir a obra nos deu a possibilidade de sair das tradicionais leituras eurocêntricas sempre com personagens não negros, neves e do “viveram felizes para sempre”, nos remetendo a histórias reais do Brasil, contribuindo para a descolonização de conceitos, ensinados durante séculos pelos colonizadores.
A discussão da obra nos permitiu percorrer uma diferente leitura sobre o berço da Lei Áurea, nos ensinando que é possível sair do “Perigo da história única” (conceito tecido por Chimamanda Adichie em “Ted”, sobre ouvir narrativas do outro), conhecendo as narrativas de pessoas inviabilizadas até os dias de hoje.
A obra compartilhada pode ser um instrumento pedagógico com o objetivo de ressignificar o período escravista brasileiro, nas mais diversas áreas do conhecimento.
Finalizo convidando você que ainda não faz parte do Clube de Leitura “Gato Preto” a participar dessas diferentes viagens que a leitura nos proporciona. Asè.”
Joice Aziza
Professora Coordenadora de Área de Ciências Humanas
PEI Armando Sestini
Diretoria de Ensino Caieiras
