O número de participantes da última edição do Clube de Leitura “Gato Preto” confirmou a popularidade e a importância da escritora Clarice Lispector na literatura brasileira.
A obra “A Hora da Estrela” foi o tema de conversa em junho e rendeu grandes reflexões e elogios.
Veja alguns deles:
“O debate sobre a leitura deste mês de “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, no Clube de Leitura “Gato Preto”, no dia 26/06/21, foi estonteante.
Toda vez que lemos um livro como esse, sentimos, como dizem, “um soco no estômago”. Ficamos sem fôlego com a semelhança que encontramos nos personagens, e em seus comportamentos, pois são muito parecidos com pessoas e situações que conhecemos e encontramos na vida real.
Ao ouvir depoimentos dos colegas de clube, tivemos a oportunidade de refletir sobre pontos de vista diferentes dos que criamos com a leitura e enriquecemos nosso repertório.
Pessoas que leem o livro pela primeira vez trazem um frescor de interpretação que faz com que tenhamos uma impressão de novidade e a possibilidade de reformular antigos pensamentos.
O Clube de Leitura “Gato Preto” oferece mensalmente a oportunidade de conhecermos e revisitarmos histórias clássicas e contemporâneas da literatura brasileira, assim como a mundial, que engrandecem a cultura geral dos participantes.”
Evelin Aparecida Pereira Silva
EE 9 de Julho
Diretoria de Ensino de Taquaritinga
“Meu nome é Ozana, faço parte dos encontros online do Clube de Leitura “Gato Preto” há cerca de um ano. Para mim, é sempre um novo aprendizado, um novo olhar sobre as obras lidas. São momentos riquíssimos, a cada obra lida e comentada durante os encontros. Tanto como leitora quanto como educadora. No último dia 25/06, participei do encontro do livro lido “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. Minha experiência com a leitura dessa obra foi magnífica. A personagem Macabéa é única; a forma como o narrador a descreve ao longo da narrativa me fez parar para pensar em alguns pontos que hoje são tão impactantes na sociedade. Refiro-me à preocupação excessiva de pessoas que a carregam consigo, em querer parecer ser alguém que elas não são; algumas vivem com base numa mentira, achando que com isso terão assegurado um lugar na sociedade. Claro que há um enfoque na violência verbal e psicológica sofrida pela personagem ao longo na narrativa, e que tal fato não se justifica, mas é justamente a postura dela diante dessas situações que a faz tão especial. Nesse sentido, a personagem Macabéa nos traz um grande ensinamento. Mesmo com toda sua ignorância, fruto das mazelas de uma vida sofrida de nordestina até a chegada a uma cidade grande como o Rio de Janeiro, ela não se deixava abater, e isso ficou evidenciado durante toda a narrativa. Seu desejo de adquirir conhecimento, bem como a simplicidade em lidar com as situações, fizeram dela uma personagem única. Ao assistir ao filme de Suzana Amaral, que também retratou a obra de Clarice Lispector “A Hora da Estrela” de forma belíssima, me fez refletir sobre o final descrito em ambos (livro e filme), pois, ao passo que no final descrito pelo livro, ela é finalmente notada enquanto ser humano pelas pessoas de forma geral, como uma pobre coitada, no do filme, o final de Macabéa é representado por um sonho lindo, que se vislumbra diante de seus olhos, como se fosse uma recompensa por tudo o que ela havia passado durante a vida inteira. E no final das contas, talvez tenha sido essa mensagem que a autora quisesse ter passado: que a nossa vida só vale mesmo apenas quando a vivemos com todo o nosso EU MESMO, aquele jeito próprio de ver a vida, que por muitas vezes mascaramos por conveniência ou por modismo. Macabéa não se importava com o olhar dos outros, nem tampouco com a forma como a viam. Ela enxergava a vida com um jeito próprio, que num primeiro momento fora interpretado por ignorância, mas que talvez seja a forma mais verdadeira de viver a vida. Sendo ela mesma, querendo conhecer e entender as coisas do mundo.”
Ozana Maria da Silva Cruz
EE Vereador Orlando Vitaliano
Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto
Sobre a autora
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1920, mas viveu no Rio de Janeiro até 1977, ano de sua morte. Ela foi autora de diversos contos, romances e ensaios. Além de escritora, ela também atuou como jornalista. Nasceu em família judaica russa e emigrou para o Brasil por causa da Guerra Civil Russa, quando ocorreu uma forte perseguição aos judeus. Sua obra traz cenas do cotidiano e é marcada por uma narrativa com forte carga dramática e tramas psicológicas que se aproximam da metafísica.
“A Hora da Estrela”, último romance escrito por Clarice Lispector, conta a história de Macabéa, jovem órfã alagoana que vive no Rio de Janeiro, criada por uma tia religiosa e moralista. Trabalha como datilógrafa e mora em uma pensão, onde divide o quarto com mais três mulheres. A partir da vida miserável da personagem, a autora desenvolve reflexões de cunho filosófico e existencial.
Para participar dos encontros do Clube de Leitura “Gato Preto” é necessário enviar um e-mail para: nucleodebibliotecacre@educacao.sp.gov.br, além de fazer a leitura prévia da obra escolhida.
Os encontros acontecem pela plataforma Teams.